2021 não foi um ano de mar calmo para o comércio exterior. O dólar continuou em uma curva ascendente e, passando por diversas oscilações, chegou a R$5,70 em dezembro. O frete marítimo também viu o preço disparar: em janeiro de 2020, um contêiner que custava US$3 mil, passou para US$10 mil em 2021, se mantendo nesse valor. Além disso, a desorganização na logística marítima, causada pela pandemia, levou a atrasos na chegada de navios e desvios de cargas para portos não designados. A consequência desses fatores foi o aumento dos custos para importadores, distribuidores e varejistas. Diante desse cenário, vale a pena importar da China em 2022?
Sobre o assunto, segue um breve comentário do consultor e especialista em importação da China, Rodrigo Giraldelli, da China Gate Consultoria de Importação:
“O primeiro ponto é: a China é a principal e, em muitos casos, a única fornecedora de produtos para o Brasil. Se não comprarmos dos chineses, independentemente do preço, significará deixar de vender a mercadoria no mercado brasileiro. Ter a China como única fornecedora de insumos e produtos ficou evidente nos primeiros meses da pandemia, quando o mundo todo se viu dependente dos chineses para a fabricação de EPIs e aparelhos médicos. Continuar importando da China em muitos mercados continua sendo um bom negócio, mesmo com os custos mais altos, simplesmente porque ainda não existe no mundo um país que ofereça na escala, rapidez e preço que os chineses.
Um dos fatores preocupantes foi a alta do dólar. Em uma economia globalizada, quando o dólar sobe, isso afeta não somente a importação de produtos acabados, mas também insumos e materiais para fabricação nacional. A desvalorização do real perante o dólar não é um fenômeno resultante da pandemia, portanto não é possível afirmar que vai melhorar assim que a situação da pandemia voltar ao ‘normal’. Por isso, é preciso lidar com esse desafio estrategicamente, por exemplo, negociando em volume.
O mesmo acontece com o frete marítimo: subiu para um, subiu para todos. O aumento global de custo logístico aconteceu especialmente durante a pandemia, quando houve problemas no fluxo de navios, escassez de contêineres, além do cancelamento de viagens de navios de carga e fechamentos de terminais chineses devido às medidas de proteção contra a COVID-19. Para pequenos e médios importadores, uma solução para atenuar os custos foi aderir à modalidade de contêiner compartilhado.”