Por Zhuohua Liang
Segundo dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China em 17 de julho, a taxa de desemprego entre os jovens chineses, com idades entre 16 e 24 anos, atingiu um patamar histórico em junho, chegando a 21,3%. Este é o terceiro mês consecutivo em que a taxa ultrapassa os 20%, estabelecendo-se como o valor mais alto registrado desde que os dados começaram a ser coletados em 2018. É importante ressaltar que esse índice supera a taxa de desemprego do Brasil, que é de 18%.
De acordo com informações disponíveis no site oficial do Escritório Nacional de Estatísticas da China, apenas uma hora de trabalho por semana é considerada como emprego, enquanto nos Estados Unidos e na França esse limiar é de 15 e 20 horas, respectivamente. Além disso, a China apresenta uma proporção relativamente baixa de empregos oficialmente registrados, o que torna desafiador compreender plenamente a situação de emprego por meio de indicadores como registro de desemprego e benefícios de seguro-desemprego.
A alta taxa de desemprego entre os jovens na China é resultado de um problema estrutural, impulsionado pelo aumento do número de graduados universitários em busca de oportunidades de trabalho compatíveis com suas qualificações acadêmicas. Por outro lado, mesmo sendo conhecida como a “fábrica do mundo”, a China enfrenta uma escassez significativa de trabalhadores qualificados e técnicos, o que dificulta às indústrias encontrar mão de obra adequada.
No mês de maio, a rede estatal de televisão chinesa, CCTV, divulgou um vídeo na plataforma Bilibili, uma comunidade online popular entre os jovens do país. Intitulado “Acreditar que o trabalho árduo traz tranquilidade: a crença de muitas pessoas comuns”, o vídeo tinha como objetivo incentivar os jovens a considerar empregos que exigem esforço físico, em vez de se prenderem exclusivamente a oportunidades relacionadas à educação formal.
Plano de ação
No âmbito das ações governamentais, em julho o Ministério do Comércio da China e outras 16 entidades lançaram o “Plano de Ação para o Desenvolvimento do Setor de Serviços Domésticos e Agricultura em 2023”. O plano destaca a promoção do empreendedorismo entre os recém-formados, incentivando-os a abrir empresas no setor de serviços domésticos e a se envolverem nas áreas rurais, com o intuito de melhorar a absorção da força de trabalho nessas regiões, além de fornecer subsídios iniciais e benefícios de seguridade social aos empreendedores qualificados.
Além disso, após o período da pandemia, houve um aumento significativo de jovens chineses buscando estabilidade ao escolher suas carreiras, resultando em uma maior procura por empregos no setor público e em instituições governamentais. Conforme relatório de pesquisa divulgado em 2022 pela Zhaopin.com, a maior plataforma de recrutamento da China, 44,4% dos recém-formados expressaram o desejo de trabalhar em empresas estatais, enquanto apenas 17,4% optaram por empresas privadas.
O porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas da China, Fu Linghui, destacou que historicamente, durante os meses de junho e julho, que correspondem à temporada de formaturas, é comum observar um aumento na taxa de desemprego entre os jovens. Com base nos dados atuais, a taxa de desemprego juvenil em junho atingiu 21,3%, registrando um aumento em relação ao mês anterior. Devido à entrada massiva de jovens graduados no mercado de trabalho, é esperado um novo aumento na taxa de desemprego em julho. No entanto, seguindo os padrões históricos, à medida que o período de formaturas chega ao fim, espera-se uma gradual redução na taxa de desemprego a partir de agosto.
Tradução: Mei Zhen Li
Imagem principal: Andrii Yalanskyi/Adobe Stock