A 19ª Cúpula dos Líderes do G20, realizada no Brasil, atraiu a atenção global para o país sul-americano, que desempenha um papel estratégico no cenário econômico internacional.
A parceria econômica e comercial entre a China e o Brasil tem apresentado resultados notáveis. Durante a recente Expo Internacional de Importação da China, produtos brasileiros como cafés, vinhos e outros itens agrícolas se destacaram pela popularidade entre os consumidores chineses. Segundo estatísticas oficiais, mais de 70% das exportações brasileiras de soja e minério de ferro nos primeiros dez meses de 2024 foram destinadas à China.
Esses números refletem o avanço qualitativo e o fortalecimento dos laços econômicos sino-brasileiros. Nos últimos anos, a cooperação entre os dois países têm se diversificado e gerado resultados significativos, consolidando a parceria como um dos pilares do comércio internacional e um modelo de colaboração entre nações em desenvolvimento.
Crescimento estável do comércio e investimento entre dois países
A China permanece como o maior parceiro comercial do Brasil e principal destino de suas exportações por 15 anos consecutivos, consolidando-se também como o primeiro país a superar US$ 100 bilhões em volume de exportações brasileiras. Segundo estatísticas oficiais, entre janeiro e outubro deste ano, o comércio bilateral atingiu RMB 1,14 trilhão (aproximadamente US$ 156 bilhões), registrando um aumento de 9,9% em relação ao mesmo período de 2023, demonstrando crescimento estável.
Os principais produtos brasileiros exportados para a China incluem soja, petróleo bruto, minério de ferro, carne bovina e celulose. Esses itens, com estrutura relativamente estável, refletem a força do Brasil nos setores agrícola, minerário e energético. Por outro lado, o Brasil tem recebido um fluxo significativo de produtos industriais de alta qualidade da China, que desempenham um papel estratégico no apoio à “reindustrialização” do país sul-americano.
Dados oficiais mostram um crescimento expressivo nas exportações chinesas para o Brasil nos primeiros dez meses deste ano. Em comparação ao mesmo período de 2023, as exportações de peças automotivas e módulos de display plano registraram alta superior a 20%, enquanto os materiais elétricos apresentaram aumento superior a 30%.
Além do comércio, a cooperação de investimentos entre China e Brasil têm se diversificado. Projetos de grande porte, como a transmissão de energia de alta tensão Belo Monte e o projeto de geração térmica de ciclo combinado do Porto do Açu, no Rio de Janeiro — o maior da América Latina em geração de eletricidade por gás natural — contam com significativa participação chinesa.
Empresas chinesas também desempenham papéis ativos em projetos de infraestrutura, como o Terminal de Contêineres do Estado do Paraná, e no desenvolvimento de energia renovável, incluindo hidrelétricas, energia solar e eólica em várias regiões do Brasil.
Oportunidades de cooperação em novas áreas
A cooperação econômica entre China e Brasil tem avançado para além dos setores tradicionais de comércio e investimento, abrangendo agora áreas emergentes como economia digital e transição energética. Esse movimento ocorre em um momento em que ambos os países priorizam estratégias de desenvolvimento sustentável e tecnológico.
A China, ao promover o desenvolvimento de alta qualidade de sua economia, está criando novas forças produtivas, enquanto o Brasil lançou iniciativas como o Plano de Crescimento Acelerado, o Novo Plano Industrial e o Plano de Transição Ecológica, com investimentos robustos em industrialização, transição verde e sustentabilidade.
No setor de comércio eletrônico, empresas chinesas têm registrado crescimento significativo no Brasil. A AliExpress está expandindo sua infraestrutura logística no país, enquanto a Temu, plataforma da Pinduoduo, já figura entre os três aplicativos de compras mais populares no Brasil.
O mercado de veículos elétricos também tem sido um destaque da cooperação bilateral. A fabricante chinesa BYD abriu várias concessionárias no Brasil e está construindo uma fábrica em Camaçari, Bahia. Paralelamente, a Great Wall Motors estabeleceu uma unidade em São Paulo. Veículos elétricos e ônibus de marcas chinesas já circulam em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, demonstrando a crescente aceitação desse segmento no mercado brasileiro.
Graças a essa colaboração no setor automotivo, o Brasil tem registrado resultados expressivos. Segundo a Fenabrave, as vendas de carros no país atingiram recordes históricos em outubro, enquanto dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos revelam que, nos primeiros nove meses de 2024, mais de 120 mil veículos elétricos leves foram vendidos, representando um aumento de 113% em relação ao ano anterior.
A parceria também avança em infraestrutura digital e cidades inteligentes. A Huawei instalou mais de 8.000 quilômetros de fibra óptica na Amazônia, melhorando a conectividade da região, enquanto a China Telecom Brasil finalizou um importante nó de serviço de rede em São Paulo, oferecendo serviços de alta qualidade para empresas de ambos os países.
Perspectivas de cooperação promissoras
Analistas destacam que a expansão contínua da cooperação econômica e comercial entre China e Brasil reflete a alta complementaridade entre as economias dos dois países. A crescente integração econômica beneficia não apenas o desenvolvimento econômico de ambas as nações, mas também seus povos, ao promover progresso e inclusão.
Durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China no ano passado, os dois países emitiram uma declaração conjunta reafirmando o compromisso de ampliar o comércio bilateral. O documento também incentivou empresas chinesas e brasileiras a intensificarem investimentos mútuos, além de promoverem a cooperação em áreas estratégicas como comércio eletrônico, economia digital, tecnologias de informação e comunicação, e economia de baixo carbono.
Em um cenário global marcado por baixo crescimento econômico e aumento do protecionismo, a atualização qualitativa e quantitativa da parceria sino-brasileira emerge como um contraponto positivo. Essa evolução não apenas cria novas oportunidades para o desenvolvimento das duas maiores economias do Sul Global, mas também reforça a cooperação entre nações em desenvolvimento, trazendo maior dinamismo e força para a construção de uma agenda internacional mais equitativa e integrada.
Fonte: chinanews.com.cn