Economia

Comércio asiático avança enquanto setor agrícola dos EUA enfrenta retração

Setor agrícola dos EUA
Fonte da imagem: Song Weiwei/ Xinhua

O comércio mundial manteve-se instável em 2025, sob o impacto das tarifas unilaterais impostas pelos Estados Unidos e do aumento das tensões geopolíticas. Mesmo nesse contexto, a estrutura econômica global passa por uma reorganização que vem favorecendo a China e outras economias emergentes da Ásia, segundo veículos internacionais.

De acordo com o jornal Le Figaro, citando dados recentes da Organização Mundial do Comércio (OMC), o desempenho do comércio global superou as previsões. A OMC estima que o crescimento do setor alcance 2,4% neste ano, quase o triplo da projeção feita no meio de 2025. O comércio entre países em desenvolvimento, o chamado “comércio Sul-Sul”, cresceu 8% no primeiro semestre, acima da média global de 6%. A Ásia respondeu pela maior parte dessa expansão e consolidou-se como principal motor das cadeias globais de suprimentos.

O relatório destaca ainda que a China manteve ritmo de expansão ao diversificar mercados. As empresas do país compensaram 80% das perdas no mercado norte-americano com exportações para a Ásia, Europa e países do Sul Global. Entre abril e julho, as exportações chinesas para a África aumentaram 34% em relação ao mesmo período de 2024. O comércio agrícola com o Brasil também avançou, e o superávit comercial chinês deve ultrapassar US$1,2 trilhão em 2025, o maior já registrado.

Essa reorganização permitiu à China sustentar o volume de exportações e ampliar sua presença econômica entre países emergentes, enquanto o comércio na América do Norte segue em retração.

Nos Estados Unidos, o governo tenta conter os efeitos da guerra comercial sobre o setor agrícola. A administração de Donald Trump tem oferecido subsídios aos produtores de soja, um dos segmentos mais afetados pela queda nas exportações. A China, principal compradora da soja americana, reduziu drasticamente suas importações devido às incertezas do mercado.

Segundo a Reuters, embora muitos agricultores mantenham apoio político a Trump, o grupo pressiona por medidas concretas para compensar as perdas. O governo prometeu usar parte da arrecadação tarifária para financiar o setor, mas enfrenta limitações legais e orçamentárias, já que os pagamentos diretos não podem ultrapassar US$350 milhões. Além disso, a paralisação do governo federal impede a liberação de novos repasses sem aprovação do Congresso.

Em 2018, no primeiro mandato de Trump, o governo destinou mais de US$23 bilhões em ajuda emergencial a fazendeiros afetados pela guerra comercial. O cenário atual, porém, é mais restritivo.

Empresários americanos afirmam que as tarifas aumentaram os custos de produção e provocaram demissões. O cervejeiro Justin Turbeest, de Wisconsin, disse à BBC que os preços de insumos subiram 40%, o que o levou a demitir 20 funcionários e encerrar as atividades da sua cervejaria. Ele criticou os subsídios agrícolas, classificando-os como “uma manobra política”.

Com a redução das importações chinesas e a migração da demanda para fornecedores como Brasil e Argentina, o setor agropecuário dos Estados Unidos enfrenta queda de preços e aumento nos custos de fertilizantes e equipamentos. A combinação desses fatores pressiona a competitividade e reforça o impacto das tarifas sobre a economia doméstica americana.

Fonte: CCTV