Empreendedorismo

Com novo plano global, Meituan desafia líderes regionais no setor de delivery

Setor de delivery
Fonte da imagem: XInhua

A Meituan estabeleceu a meta de cobrir os seis países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar, Kuwait, Omã e Bahrein, até 2027. O plano marca uma nova fase da internacionalização da empresa, que avança em ritmo acelerado no Oriente Médio.

Em setembro de 2024, a Meituan iniciou operações na Arábia Saudita com sua marca Keeta. Menos de um ano depois, a empresa ampliou a cobertura para 20 cidades sauditas. Em 29 de julho, a Keeta anunciou a entrada em 11 novas localidades no país, além de já atuar em centros estratégicos como Riad, Jidá, Meca, Medina e Dammam.

A expansão contou com a adesão de cerca de 7.500 comerciantes locais e internacionais, incluindo McDonald’s, KFC, Subway e Starbucks, e a contratação de mais de 18 mil entregadores. Estratégias como isenção de taxa de entrega e promoções para novos usuários aceleraram a penetração da Keeta no mercado saudita.

Segundo a consultoria Redseer, em menos de cinco meses de operação, a Keeta conquistou aproximadamente 10% do mercado local e ocupa a terceira posição no setor de delivery de alimentos. A presença da empresa impulsionou o crescimento do mercado saudita, que registrou alta de 23% no volume bruto de mercadorias (GMV) em 2024.

Hungerstation e Jahez, líderes locais, ainda não perderam participação relevante, mas a expansão da Keeta pode alterar esse cenário.

Varejo imediato e novas frentes

A Meituan também aposta na diversificação dos serviços. Em maio, lançou o Keemart, versão internacional de seu supermercado autônomo, em dois distritos de Riad. O projeto exige centros de distribuição locais e maior investimento em logística e abastecimento, indicando que a empresa está testando capacidades avançadas de cadeia de suprimentos na Arábia Saudita.

Fora do país, a Meituan avança em outros mercados do Oriente Médio. A Keeta iniciou recrutamento e estruturação de operações nos Emirados Árabes Unidos, Catar e Kuwait. Em julho, lançou o programa “Founding Vendor” em Dubai e Doha, oferecendo isenção de taxas e benefícios comerciais para os primeiros parceiros.

No Kuwait, o processo de adesão de comerciantes já está em fase final. O lançamento está previsto para o fim de 2025 ou início de 2026.

Apesar de a população total dos países do GCC ser inferior a 60 milhões, a região tem alto PIB per capita, ampla digitalização e infraestrutura urbana favorável à entrega rápida. As temperaturas extremas, acima de 40°C, aumentam a demanda por delivery, elevando o tíquete médio e as margens de lucro.

O setor, no entanto, ainda precisa avançar em escala, eficiência operacional e infraestrutura logística. A Meituan aposta em sua experiência para competir com players já consolidados.

Concorrência acirrada

A Meituan enfrenta empresas com forte presença e respaldo financeiro. A Talabat (do grupo Delivery Hero) lidera em diversos países do Golfo. A Careem, ligada à Uber, atua como super app regional. Na Arábia Saudita, Hungerstation e Jahez ocupam a liderança, enquanto no Catar, a local Snoonu, agora controlada majoritariamente pela Jahez, domina o setor.

Segundo o Morgan Stanley, o mercado de delivery online nos países do GCC pode atingir US$ 30 bilhões até 2028, com crescimento médio anual de 15%. A expectativa é que a Meituan alcance 20% de participação no período.

Estratégia global inclui América Latina

A internacionalização da Meituan começou por Hong Kong, em 2023. Em menos de um ano, a Keeta alcançou 44% do mercado local, superando concorrentes e motivando a saída da Deliveroo da região. A principal rival da empresa atualmente é a Foodpanda.

Em maio de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com Wang Xing, CEO da Meituan, durante a assinatura de um acordo entre a Keeta e a ApexBrasil. A Meituan planeja investir US$1 bilhão no Brasil nos próximos cinco anos e lançar oficialmente a Keeta no país ainda em 2025.

A empresa também observa oportunidades em outros mercados da Ásia, África e América Latina. O foco está na construção de operações escaláveis e eficientes, diante de desafios logísticos e da concorrência internacional.

Fonte: 36kr.com