Cultura

Com apoio da IA, personagens históricos ganham vida e engajam jovens chineses

Personagens históricos IA
Fonte da imagem: InfiniteFlow/ Adobe Stock

Vídeos que recriam personagens históricos com inteligência artificial vêm ganhando espaço nas redes sociais chinesas. Neles, figuras como Li Shizhen (médico e escritor chinês da dinastia Ming) aparecem dando conselhos sobre saúde, enquanto Tang Bohu (estudioso, pintor, calígrafo e poeta chinês) rebate críticas à sua imagem. A série “IA ressuscita personagens históricos” se popularizou ao inserir esses nomes do passado em diálogos contemporâneos. O formato atrai o público jovem, que reage com humor e curiosidade. Um dos comentários mais frequentes diz: “O conhecimento histórico está entrando em nossos cérebros de formas muito curiosas.”

O interesse crescente por conteúdos culturais entre jovens também se reflete em outros formatos. Os ingressos para o Museu do Palácio, na Cidade Proibida, se esgotam em segundos. “Caixas-surpresa” com réplicas arqueológicas viraram tendência. O programa Tesouro Nacional reúne milhares de comentários nas redes, e até as máscaras de bronze de Sanxingdui se transformaram em memes. Esses exemplos indicam que o público jovem busca experiências culturais mais acessíveis, dinâmicas e integradas ao cotidiano digital.

A reinterpretação de personagens históricos com IA insere a cultura tradicional em novas linguagens e plataformas. Quando museus utilizam tecnologias como realidade aumentada (AR), realidade virtual (VR) e modelagem 3D, os objetos ganham voz e presença. A tecnologia passa a atuar como intermediária entre passado e presente, transformando vitrines estáticas em experiências interativas. Essa tendência amplia o alcance da cultura tradicional e cria novos cenários para o setor criativo-cultural.

Departamentos públicos de cultura e turismo também passaram a adotar estratégias digitais para promover regiões e atrativos locais. Em Henan, a figura de Du Fu protagoniza campanhas turísticas. Em Sichuan, Zhuge Liang aparece em vídeos promocionais. As ações combinam estratégias online e offline para transformar interesse cultural em consumo turístico. A digitalização amplia o potencial de divulgação e reforça o vínculo emocional do público com os territórios.

Apesar do potencial de engajamento, especialistas alertam para os riscos do uso superficial da IA em conteúdos culturais. A criação de vídeos com personagens históricos promovendo produtos ou envolvidos em situações fictícias pode comprometer a integridade do conhecimento histórico. Plataformas e produtores precisam equilibrar inovação com responsabilidade, evitando distorções que enfraquecem o valor cultural no longo prazo.

Outro ponto crítico é a homogeneização de conteúdo. Após o sucesso de um formato, surgem inúmeras réplicas com a mesma estrutura narrativa. Essa repetição reduz a diversidade criativa e compromete a sensibilidade estética do público. Criadores e marcas que buscam relevância precisam investir em ideias originais e aprofundar o conteúdo. Autenticidade e criatividade continuam sendo os principais diferenciais em um ambiente competitivo.

A inteligência artificial amplia as possibilidades de diálogo entre cultura tradicional e inovação tecnológica. No entanto, seu uso exige critérios claros e objetivos consistentes. Plataformas, instituições e criadores devem buscar formas de preservar o valor cultural enquanto exploram novos meios de expressão.

Fonte: jingjiribao.cn