Economia

China tem crescimento de 8,1% em 2021, maior alta em dez anos

O Produto Interno Bruto (PIB) da China totalizou a marca de 114,36 trilhões de yuans em 2021, um crescimento de 8,1% em relação ao ano anterior (ou, o equivalente a um aumento médio de 5,1% a.a. quando consideramos os 2 últimos anos), de acordo com estimativas oficiais divulgadas nesta segunda-feira (17), pelo Departamento Nacional de Estatísticas (NBS, sigla em inglês) da China. Esta é a maior alta em dez anos.

Em termos trimestrais, no 1º trimestre de 2021 o PIB cresceu 18,3% quando comparado ao mesmo período do ano anterior, e no 2º, 3º e 4º trimestres cresceu 7,9%, 4,9% e 4,0%, respectivamente, quando comparados com os mesmos trimestres do ano anterior. Ning Jizhe, chefe de agência da NBS, no entanto, apontou durante coletiva à imprensa que a expansão econômica foi mais estável ao longo do ano em períodos anteriores, expondo que o crescimento médio anual do 1º, 2º, 3º e 4º trimestres, quando considerados os 2 últimos anos, foi de 4,9%, 5,5%, 4,9% e 5,2%.

As fortes expansões neste ano foram impulsionadas pela produção industrial e exportações robustas, mas enfraqueceu no último trimestre principalmente devido ao impacto de novos surtos de Covid-19, da desaceleração do consumo e de uma crise imobiliária. Outras áreas da economia, como de serviços e de investimentos, tiveram crescimentos pouco expressivos, mas demonstraram uma recuperação a um patamar estabilizado.

Quais as perspectivas para a economia no 1º trimestre de 2022?

 Apesar do crescimento do último trimestre de 2021, Ning reiterou que a economia chinesa está sofrendo pressão no início deste ano. Segundo ele, apesar da estabilidade no crescimento interno, ainda há muitas incertezas em relação ao desenvolvimento do mercado imobiliário doméstico e fatores externos. No entanto, afirmou de que as premissas que mantiveram a China dentro de uma faixa de crescimento estável deverão se manter ao longo deste ano. É esperado pela Conferência Central de Trabalho Econômico da China que, em 2022, os esforços econômicos e de políticas públicas estejam em linha com uma política de ‘crescimento estável’.

Hoje, o banco central chinês anunciou corte em sua taxa de juros, reduzindo seus custos de empréstimo de médio prazo (MLF, sigla em inglês) pela primeira vez desde abril de 2020. A redução será para algumas instituições financeiras em 10 bps, passando de 2,95% para 2,85%. Este corte de juros é coerente com o afrouxamento da política monetária pelo banco central chinês e ao incentivo ao financiamento para que a economia consiga lidar com a pressão que está sofrendo.

Liu Xuezhi, pesquisador sênior do Centro de Pesquisa Financeira do BOCOM (Banco de Comunicações), apontou que exportações e mercado imobiliário, pilares que suportaram o crescimento econômico em 2021, irão enfraquecer gradualmente em 2022. Estes fatores combinados com a lenta recuperação da demanda doméstica dificultarão o crescimento estável dos investimentos em infraestrutura, com a economia tendo um crescimento em um nível moderado. Por enquanto, estima-se que o PIB de 2022 aumente em cerca de 5%, taxa que deverá ser composta por um crescimento recuperado de cerca de 6,5% do consumo, de cerca de 4,5% dos investimentos, e de cerca de 4,5% das exportações. Especificamente, para o 1º trimestre do ano, devida à fraca demanda atual e recuperação do consumo, espera-se que a economia chinesa cresça em 4,5%.

É possível que o crescimento do 1º trimestre de 2022 seja cerca de 5,3%, de acordo com Zhang Yongjun, se o ímpeto do último trimestre continuar neste ano. Os investimentos melhoraram em novembro e dezembro, com emissão de bonds e ritmo de novos projetos acelerando neste ano. Ning também apontou que há ainda bastante potencial para expansão efetiva de investimentos, alegando que o gap de desenvolvimento entre áreas urbanas e rurais do país ainda é grande, com diversos elos frágeis de infraestrutura em áreas de subsistência. Com uma série de políticas e medidas a serem introduzidas neste ano, de incentivo ao investimento em produção industrial, investimentos privados em P&D, e em tecnologias de transformação, espera-se que a tendência de modernização industrial da China continue expandindo.

Para Luo Zhiheng, vice-presidente de Yuekai Securities, “afetada pela nova variante do coronavírus, a situação de prevenção e intolerância à epidemia durante o Ano Novo chinês poderá ser mais tensa neste ano do que no ano passado, com os impactos no setor de consumo ainda a serem avaliados. Os EUA podem aumentar a taxa de juros básica de sua economia já em março, o que impactará nas medidas políticas da China. Já para a taxa de juros da China, é melhor reduzi-las o quanto antes, havendo ainda a possibilidade de mais reduções no futuro”.

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