A China, uma das maiores produtoras e usuárias de baterias de energia no mundo, enfrenta um considerável aumento no descarte de baterias nos últimos anos. Em resposta a esse desafio, o país tem investido em esforços de reciclagem em larga escala.
De acordo com o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China (MIIT), o país já conta com mais de 10.000 pontos de reciclagem de baterias de energia. Somente nos primeiros cinco meses deste ano, foram recicladas aproximadamente 115.000 toneladas de baterias, superando o total do ano anterior.
Apesar dos avanços, a capacidade de reciclagem ainda não acompanha a demanda do mercado. Estima-se que o descarte de baterias na China tenha aumentado consideravelmente desde 2021, chegando a cerca de 277.000 toneladas em 2022, e a projeção é de atingir 1 milhão de toneladas por ano após 2025.
Um dos principais desafios para enfrentar essa questão é o desenvolvimento contínuo da tecnologia de reciclagem e sua aplicação na indústria. Embora já existam tecnologias capazes de recuperar componentes químicos, como níquel, cobalto e lítio, ainda há espaço para melhorias em eficiência e capacidade.
Xin Guobin, vice-ministro da indústria e tecnologia da informação, ressaltou que existem várias empresas de reciclagem e utilização de baterias na China, mas elas variam em termos de habilidade técnica. Enquanto algumas empresas avançadas alcançam taxas de recuperação de níquel e cobalto em torno de 95% e de lítio acima de 90%, outras têm taxas de reciclagem de lítio entre 70% e 80%.
Para abordar esse desafio, uma equipe de pesquisa do Instituto Qinghai de Lagos Salgados, vinculado à Academia Chinesa de Ciências, desenvolveu uma nova técnica que permite recuperar mais de 90% do lítio das baterias de íon-lítio descomissionadas, que são amplamente utilizadas em baterias de energia. Através do uso de tecnologia de separação de membrana e lixiviação ácida, a equipe alcançou uma pureza de 99,69% no carbonato de lítio recuperado, o que representa alto valor comercial. Além disso, a taxa de recuperação de lítio em todo o processo atingiu impressionantes 92,24%.
Essa nova tecnologia é especialmente relevante considerando que os eletrólitos e solventes das baterias de íon-lítio contêm substâncias nocivas, como flúor e metais pesados, que podem causar danos ao meio ambiente e à saúde humana se descartados de forma inadequada. A abordagem de separação física adotada pelo Instituto Qinghai de Lagos Salgados reduz o uso de reagentes químicos, minimizando a poluição e evitando danos ambientais adicionais durante o processo de reciclagem.
O Instituto já está trabalhando em colaboração com empresas locais nas províncias de Qinghai e Hebei para aplicar essa tecnologia em novos projetos de reciclagem. Um exemplo é um projeto em Handan, província de Hebei, com capacidade para lidar anualmente com 20.000 toneladas de baterias de energia de lítio, que está atualmente na fase de instalação e testes de equipamentos.
Além disso, o governo chinês tem atuado para incentivar a adoção de tecnologias avançadas pelas empresas de reciclagem. O MIIT e outros órgãos pertinentes estabeleceram padrões nacionais para baterias de energia, procedimentos de desmontagem e sistemas de rastreamento e gerenciamento ao longo do ciclo de vida das baterias.
A reciclagem de baterias de energia é vista como uma questão de grande importância para a China, pois não apenas contribui para a estabilidade do suprimento de recursos, mas também protege o meio ambiente e promove um desenvolvimento industrial sustentável e saudável. Com o avanço contínuo da tecnologia de reciclagem, o país busca enfrentar esse desafio com eficiência e responsabilidade.
Tradução: Mei Zhen Li
Fonte: Taizhang
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