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China responde às tarifas dos EUA com restrições a filmes de Hollywood

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Fonte da imagem: Xu Qin/ Xinhua

A China ultrapassou 25 bilhões de yuans em receita de bilheteira neste início de 2025 e assumiu a liderança no ranking global de arrecadação do cinema. O volume inclui pré-vendas e confirma a força do mercado chinês no setor audiovisual. Entre os títulos em destaque, Ne Zha 2 entrou na lista das cinco maiores bilheterias da história mundial.

Com mais de 90 mil salas de exibição e mais de 1 bilhão de ingressos vendidos em 2024, a China consolidou sua posição como principal mercado para grandes produções. A expectativa é de novo crescimento com os lançamentos programados para o Festival Qingming e o feriado de 1º de maio.

A resposta de Pequim às recentes tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos impactou o setor. O Escritório Nacional de Cinema da China anunciou a redução moderada na importação de filmes americanos. A medida, segundo o órgão, visa proteger o interesse do público e responde à política tarifária de Washington.

Hollywood reage à medida chinesa

A decisão gerou reação imediata no mercado. Segundo a agência Reuters, “Hollywood está mais nervosa do que nunca” diante da possibilidade de perder acesso ao mercado chinês. Produtores e executivos criticaram o presidente Donald Trump, apontado como responsável por políticas que prejudicam a própria indústria americana.

As ações de grandes estúdios caíram após o anúncio. Em 10 de abril, a Disney recuou 6,79% e a Warner Bros Discovery perdeu 12,53%. O movimento reforça a dependência de Hollywood em relação ao público chinês.

Estúdios adaptam produções ao gosto chinês

Para manter espaço no mercado asiático, estúdios americanos vêm adaptando roteiros, locações e elencos. A Warner Bros escalou protagonistas chineses para Megatubarão 2. A Paramount inseriu marcas locais nos filmes da franquia Transformers. A prática tornou-se comum em grandes produções.

As bilheteiras confirmam a relevância do público chinês. Transformers arrecadou mais de 70,8 bilhões de yuans no país. Vingadores superou 86,7 bilhões. Velozes e Furiosos passou de 96 bilhões. O desempenho de produções locais também segue em alta, com títulos que competem com blockbusters internacionais.

China amplia cooperação com outros países

Enquanto restringe filmes dos Estados Unidos, a China avança em acordos com outros mercados. Em 11 de abril, durante visita do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, os dois países assinaram em Pequim um memorando de entendimento para cooperação no setor cinematográfico.

Pequim também busca parcerias com países da Europa, da Ásia e de outros continentes. O objetivo é ampliar o intercâmbio cultural e estimular a produção audiovisual fora do eixo Hollywood.

Cinema chinês impulsiona consumo e turismo

O sucesso de bilheteira reflete em outros setores. Filmes como Ne Zha e A Longa Jornada de Trinta Mil Milhas movimentam vendas de produtos licenciados, eventos temáticos e turismo cultural. Exposições, lojas temporárias e roteiros turísticos em cidades como Xangai, Pequim e Chengdu ampliam o impacto econômico do setor.

A indústria local fortalece marcas e propriedades intelectuais que se tornaram símbolos da cultura contemporânea chinesa. Parques temáticos como a Disney em Xangai e o Universal Studios em Pequim também aproveitam esse movimento.

Mercado estratégico para o futuro do cinema

O presidente da IMAX, Richard Gelfond, afirmou à CNBC que é impossível discutir o futuro do cinema sem considerar a China. Segundo ele, o país se tornou peça-chave no quebra-cabeça global do setor audiovisual.

A limitação à entrada de filmes americanos busca reforçar a produção nacional e responde à demanda do público por narrativas locais. O movimento reflete um mercado mais maduro e competitivo.

A China mantém canais abertos para colaborações internacionais, mas impõe seus próprios termos. Se os Estados Unidos insistirem em políticas comerciais restritivas, o impacto para Hollywood pode ir além das finanças, e afetar também sua influência cultural.

Tradução: Mei Zhen Li
Fonte: Southcn