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China lidera transformação global da indústria automotiva, aponta relatório

Indústria automotiva China
Fonte da imagem: Deng Hua/ Xinhua

A China lidera o avanço global da indústria automotiva com maior ritmo de eletrificação, ampliação da infraestrutura de recarga e adoção de sistemas de assistência ao motorista baseados em IA. A conclusão consta na 14ª edição do Automotive Disruption Radar, relatório da consultoria Roland Berger divulgado com base em 26 indicadores e em respostas de mais de 22 mil consumidores em 22 países.

Segundo o estudo, a transformação do setor ocorre em escala global, mas o ritmo difere entre países. Ron Zheng, sócio-sênior da Roland Berger e líder da prática automotiva na Ásia, afirmou que a China supera outras regiões em participação de veículos elétricos, rede de recarga e tecnologias apoiadas por IA. Segundo Zheng, o país “está rapidamente se distanciando de outras regiões”.

Dados da Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis (CAAM) mostram que a China vendeu 1,71 milhão de veículos de novas energias (NEVs) em outubro, o equivalente a 51,6% das vendas totais do mês. Entre eles, os veículos totalmente elétricos registraram 1,1 milhão de unidades, ou 33,1% do mercado.

Além disso, novas pesquisas da J.D. Power e da Universidade de Tongji indicam avanço das cabines inteligentes no país. O estudo cita melhorias em interfaces multimodais, reconhecimento de intenção com IA e processamento de comandos em tempo real.

A Roland Berger aponta que a China combina liderança tecnológica com expansão rápida de infraestrutura, o que reforça sua posição em mobilidade elétrica e sistemas autônomos. A consultoria afirma que a diferença entre regiões cresce, sobretudo em software e velocidade de desenvolvimento. As montadoras chinesas lançam novos modelos em 24 a 40 meses, enquanto fabricantes europeias levam de 48 a 60 meses.

O mercado doméstico acelera essa dinâmica. Segundo o relatório, 95% dos consumidores chineses consideram comprar um veículo elétrico. A rede densa de recarga e o grande volume de lançamentos locais fortalecem esse apetite. Enquanto isso, a penetração de EVs subiu de 22% para 25% na China no último ano, mas permaneceu em 12% na Europa. O interesse caiu na Alemanha, no Japão e nos Estados Unidos. Entre consumidores que já dirigem EVs, 35% dos entrevistados nos EUA pretendem comprar outro, contra 45% na Alemanha e 25% no Japão.

A oferta de modelos também influencia o cenário. A Roland Berger aponta que BYD e Wuling responderam por oito dos dez modelos elétricos mais vendidos em 2024. Os demais foram Tesla Model Y e Model 3.

O relatório afirma que o futuro das montadoras dependerá da capacidade de formar alianças, ampliar expertise em software e atuar em um mercado fragmentado. O estudo descreve a formação de ecossistemas automotivos distintos: Estados Unidos, Europa, China, Japão e Coreia do Sul. Cada região avança em direções diferentes e será impactada de forma específica.

A China avança em tecnologia e infraestrutura e amplia a distância em relação à Europa, que enfrenta estagnação. Ao mesmo tempo, empresas europeias dependem mais de parceiros chineses para baterias e tecnologias autônomas. Essa interdependência já aparece em acordos recentes. A Volkswagen trabalha com XPeng e SAIC para desenvolver modelos destinados ao público chinês. BMW e Toyota se apoiam em empresas como Momenta e DeepSeek.

O relatório conclui que os EUA se isolam por causa de políticas protecionistas, enquanto Japão e Coreia do Sul mantêm foco em seus mercados internos e buscam formas de fortalecer sua competitividade na era dos veículos elétricos inteligentes.

Fonte: chinadaily