Economia

China intensifica abertura econômica e atrai otimismo global

China abertura econômica
Fonte da imagem: Rao Aimin/ Xinhua

Nos últimos dias, as “Duas Sessões” da China atraíram a atenção global ao reforçarem o compromisso do país com uma abertura econômica de alto nível, focada em benefícios mútuos e ganhos compartilhados.

Durante o evento, foram anunciadas medidas para facilitar a entrada de investimentos estrangeiros, incluindo a redução de restrições no setor manufatureiro e a ampliação do acesso ao mercado para serviços como telecomunicações e saúde.

Especialistas internacionais e meios de comunicação apontam que os sinais emitidos pelo governo chinês indicam um desenvolvimento de alta qualidade, gerando confiança na cooperação global e no crescimento econômico sustentável. Paralelamente, instituições financeiras internacionais, como Goldman Sachs, Morgan Stanley e JPMorgan, publicaram relatórios indicando um aumento do interesse do capital global na China, o que reflete uma mudança estratégica na visão dos investidores sobre o país.
Investidores apostam no crescimento chinês

A consultoria Invesco destacou, em um relatório divulgado em 8 de março, que a China pode estar iniciando e liderando um novo ciclo de alta nos mercados emergentes. Segundo o documento, apesar das pressões internas e externas, as políticas de estímulo fiscal e as transformações estruturais da economia chinesa devem sustentar o crescimento do país nos próximos anos. “O mercado de capitais chinês está subvalorizado, e investidores estrangeiros estão sendo atraídos de volta”, aponta o estudo.

O otimismo do setor financeiro também é reforçado por previsões de longo prazo. A Goldman Sachs estima que, nos próximos 10 anos, a disseminação da inteligência artificial (IA) poderá aumentar os lucros das empresas chinesas em 2,5% ao ano e atrair mais de US$ 200 bilhões em fluxos de capital. Já a Morgan Stanley prevê que o interesse dos investidores globais nos ativos chineses continuará crescendo, impulsionado pelo avanço tecnológico e pela modernização econômica do país.

O impacto positivo da abertura econômica também é sentido por empresas estrangeiras atuantes no país. Xu Gang, vice-presidente executivo global da Airbus e CEO da Airbus China, afirmou ao jornal Global Times que os temas abordados no relatório de trabalho do governo sobre manufatura avançada, aeroespacial e economia verde são estratégicos para o setor. “A China já se tornou uma potência inovadora, e a Airbus está abraçando ativamente as forças de pesquisa e inovação do país”, declarou.

Oportunidades para negócios internacionais

A decisão da China de ampliar o acesso a setores como telecomunicações, serviços médicos e educação fortalece a confiança de investidores estrangeiros. A diretora do Conselho de Comércio Canadá-China em Pequim destacou que essa política cria perspectivas positivas para empresas canadenses, especialmente nas áreas de serviços e educação, que representam uma parcela significativa do comércio bilateral entre os dois países. Segundo um estudo recente, 70% das companhias canadenses classificam a China entre os cinco principais destinos de investimento.

O fluxo de capital estrangeiro para ativos chineses confirma essa tendência. De acordo com o Instituto de Finanças Internacionais, em janeiro deste ano, o investimento externo em ações e títulos chineses superou US$ 10 bilhões. Esse movimento reforça a visão de que a atratividade do mercado chinês se consolidou no cenário global.

Inovação e tecnologia impulsionam a economia

A transformação da economia chinesa está ancorada na inovação tecnológica. Relatório do “Eurasia Review” aponta que a estratégia econômica da China se baseia na transição para um modelo impulsionado pelo consumo doméstico e pelo avanço tecnológico. O plano “IA+”, por exemplo, visa integrar inteligência artificial à manufatura, consolidando a liderança do país na revolução digital global.

A Goldman Sachs reforça essa análise, destacando que os novos modelos de IA desenvolvidos na China têm potencial para aumentar significativamente a produtividade e o PIB. Atualmente, o país já conta com mais de 20 modelos avançados de inteligência artificial, superando a União Europeia e o Reino Unido juntos. A expectativa é que a adoção generalizada dessas tecnologias gere um incremento de até 0,3 pontos percentuais no PIB chinês até 2030.

Empresas estrangeiras que operam na China também percebem essa mudança. O CEO da AGC Corporation, multinacional japonesa, ressaltou que o país deixou de ser apenas um centro de produção e se tornou um polo de inovação mundial. “O mercado chinês, repleto de oportunidades, atrai talentos e recursos globais, fortalecendo ainda mais seu ecossistema inovador”, afirmou.

China molda o próximo capítulo da globalização

A postura da China em relação à economia global também foi analisada pelo “Modern Diplomacy”. O veículo europeu destaca que, apesar das tensões geopolíticas e das tentativas de alguns países de promover o “desacoplamento econômico”, a China segue fortalecendo sua presença em fóruns globais como o G20, a OMC e os BRICS. Iniciativas como a Parceria Econômica Regional Abrangente e a Iniciativa do Cinturão e Rota reforçam sua posição como protagonista no comércio e nos investimentos internacionais.

O economista americano David Blair enfatiza que a China está reformulando seu modelo de crescimento, substituindo a dependência de investimentos em infraestrutura e imóveis pelo avanço tecnológico e pelo aumento do consumo interno. “A estratégia econômica chinesa não apenas melhora sua competitividade global, mas também prioriza o bem-estar dos cidadãos”, afirmou Blair.

O compromisso da China com a modernização econômica e a inovação tecnológica tem sido um fator determinante para a confiança do mercado. Xu Gang, da Airbus, reafirmou a aposta da empresa no país e destacou que a segunda linha de montagem da série A320 em Tianjin estará operacional em 2026. “A China está promovendo o desenvolvimento de alta qualidade na indústria da aviação, e a Airbus está determinada a participar desse processo”, afirmou.

Com investimentos crescentes, inovação acelerada e abertura econômica ampliada, a China reforça sua posição como potência global e destino estratégico para o capital internacional. As Duas Sessões deste ano consolidaram essa trajetória, sinalizando ao mundo que o país segue comprometido com um futuro de crescimento sustentável e cooperação global.

Fonte: news.china.com.cn