A Conferência Mundial de Inteligência Artificial (WAIC 2025), realizada em julho, em Xangai, reuniu mais de 800 empresas e apresentou cerca de 3.000 produtos e 150 robôs. O evento mostrou como a inteligência artificial (IA) incorporada (ou embodied AI) começa a sair dos laboratórios para aplicações práticas.
Gigantes chinesas como Tencent e JD.com anunciaram plataformas voltadas à integração de IA em dispositivos físicos. A Tencent lançou a TAIROS, sistema aberto de inteligência incorporada. A JD.com apresentou a JoyInside, com foco na aplicação de IA em robôs, brinquedos e dispositivos inteligentes. Já a Alibaba Cloud lançou uma ferramenta de simulação baseada em IA.
Fora da China, a Tesla foi a única a colocar robôs humanoides no centro do negócio, com planos de produção em massa. Outras empresas como Nvidia, Microsoft e Google investem no desenvolvimento de plataformas, modelos e infraestrutura, sem fabricar o hardware diretamente.
Para a Tencent, o setor ainda não vive o “momento iPhone” da robótica. Segundo o cientista-chefe Zhang Zhengyou, ainda faltam modelos de IA específicos para robôs e dados de treinamento de qualidade. O executivo do Ant Group, He Sichong, avalia que apenas com integração industrial será possível escalar o mercado.
As empresas têm adotado estratégias para reduzir o custo da computação e da simulação, fomentar ecossistemas de desenvolvedores e padronizar tecnologias, além de aplicar a IA incorporada em cenários reais. Parcerias com fabricantes como Galaxy General e Meituan Pharmacy têm servido para testar as soluções na prática.
WAIC 2025 expõe avanços práticos da inteligência artificial incorporada
Na WAIC deste ano, robôs exibidos já realizam tarefas como servir chá, dobrar roupas e manusear objetos com precisão. A feira marcou uma transição da IA incorporada do conceito para as primeiras aplicações industriais.
A corrida também reflete a disputa entre China e Estados Unidos no setor de tecnologia. Apesar da liderança dos EUA em chips e algoritmos, a China avança com vantagens em três áreas: recursos naturais, cadeia de suprimentos e mão de obra qualificada.
Disputa entre China e EUA ganha força com vantagens em recursos
Hoje, a China controla 60% da mineração e 92% da capacidade de refino global de terras raras, usadas na fabricação de motores e sensores. Consolidou ainda uma cadeia de suprimentos robusta e integrada, com domínio de tecnologias-chave e produção em massa a custos mais baixos. Além disso, forma mais engenheiros que os EUA e conta com um ecossistema de inovação crescente.
A revista Foreign Affairs apontou que os EUA não conseguirão conter a China apenas com inovação. Elon Musk também afirmou que, embora a Tesla seja líder, “do segundo ao décimo lugar no ranking de robôs humanoides serão empresas chinesas”.
Tencent, JD.com e startups locais como Unitree e Zhiyuan impulsionam essa transformação, e podem ser as primeiras a inaugurar o esperado “momento NVIDIA” da inteligência física global.
Fonte: 36kr.com
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