No primeiro semestre de 2025, o comércio exterior da China registrou três marcos inéditos, segundo dados oficiais. O volume de exportações ultrapassou RMB 13 trilhões pela primeira vez, enquanto o número de empresas com histórico efetivo de importação e exportação superou 600 mil. Além disso, o volume de importação e exportação das empresas privadas atingiu RMB 12 trilhões.
Esse avanço reflete a capacidade do país em manter o comércio externo ativo diante dos desafios econômicos, além de indicar o avanço da inovação e a ampliação da abertura econômica. A expansão do comércio se apoia no aumento das rotas marítimas e ferroviárias. No Porto de Yantian, em Shenzhen, a movimentação de cargueiros permanece intensa mesmo após a passagem de um tufão. Pang Ning, vice-gerente geral do Terminal Internacional de Contêineres de Yantian, informou que o terminal adicionou 11 novas rotas internacionais no semestre, e as linhas ferroviárias intermodais marítimas chegaram a 33.
Os principais portos chineses, como Xangai, Ningbo-Zhoushan e Qingdao, criaram mais de 72 rotas, ampliando o atendimento para 19 novos portos de destino e escala. Além disso, o Corredor Internacional Oeste-Leste realizou sua primeira operação com vagões do tipo “gaiola” para conexão com navios roll-on/roll-off. O trem de carga China-Laos-Tailândia entrou em operação regular, e o primeiro trem para a Ásia Central partiu de Chongqing, cidade que também intensificou a produção e exportação de laptops.
O Ministério do Comércio destacou a criação de novos grupos de trabalho para facilitar o comércio com Sri Lanka e Bangladesh, elevando para 32 os grupos ativos, além da assinatura de oito memorandos de entendimento com países como Granada, Azerbaijão e Colômbia. Liang Ming, diretor do Instituto de Pesquisa de Comércio Exterior da Academia Chinesa de Comércio Internacional, afirmou que os países da Iniciativa Cinturão e Rota contribuíram com 79,4% do crescimento das exportações no semestre, chegando a 98% em junho. Ele destacou que os mercados emergentes responderam por mais de 80% deste crescimento.
O desempenho das empresas privadas também foi decisivo para o crescimento do comércio exterior chinês. O volume de importações e exportações dessas empresas superou RMB 12 trilhões, com crescimento 4,4 pontos percentuais acima da média nacional. Produtos de alta tecnologia dessas companhias ganharam espaço no mercado internacional, adaptando-se às demandas globais. Em Henan, uma empresa privada fabrica fios eletrônicos essenciais para circuitos integrados e tecnologia 5G. Zhao Wuquan, chefe do departamento administrativo da Henan Guangyuan New Material, informou que a empresa produziu 60 milhões de metros e exportou mais de RMB 100 milhões no semestre, aumento de 70% em relação ao ano anterior.
Em Dongguan, onde mais de 90% das empresas são privadas, fabricantes de brinquedos ampliaram a produção de brinquedos com inteligência artificial em julho, tradicionalmente um mês de baixa demanda. Chen Minghuan, diretor de marketing da Dongguan Junou Toys, destacou pedidos constantes de distribuidores da Espanha e do Brasil. A empresa optou pela produção própria após a queda das margens em contratos OEM.
No primeiro semestre, as empresas privadas representaram 57,3% do comércio exterior da China. Entre as pequenas empresas especializadas e inovadoras, mais de 80% são privadas, e a exportação de produtos de alta tecnologia cresceu 12,5%. Liang Ming afirmou que as empresas privadas se tornaram força principal nas exportações, com maior flexibilidade e resistência a riscos, o que fortalece a competitividade do comércio exterior.
A abertura de novos mercados depende também da inovação institucional. Políticas que criam zonas-piloto de e-commerce transfronteiriço e otimizam a infraestrutura portuária ajudam a ampliar o alcance das empresas. Em Lianyungang, o óleo residual de cozinha passou por refinamento tecnológico e virou biocombustível de aviação, alinhado à transição verde do setor aéreo. Para viabilizar a exportação desse produto, o Ministério do Comércio criou um sistema regulatório que permitiu testes e autorizou a primeira exportação nacional em maio. He Jian, CEO da Lianyungang Jiaao New Energy, afirmou que o primeiro carregamento saiu em maio e chegou ao destino em julho. A empresa planeja aumentar a produção e exportar cerca de 30 mil toneladas mensais.
Outro avanço ocorre na manutenção em regime de entreposto aduaneiro. Em Chengdu, a Sichuan Service Aero Engine Maintenance aumentou em 25% o conserto de motores de avião, recebendo 97 unidades no semestre. O primeiro catálogo de produtos para manutenção em zonas de livre comércio abrange aviões, navios e equipamentos diversos. Até o primeiro semestre de 2025, mais de 280 projetos estavam ativos em 24 províncias. Xiong Jie, gerente de planejamento da empresa, explicou que a manutenção evoluiu do conserto da turbina de alta pressão para incluir também o compressor, com planos de ampliar para a turbina de baixa pressão, o que impulsiona a cadeia produtiva do setor.
Fonte: southcn.com
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