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Caixas-surpresa viram febre entre consumidores da Geração Z na China

Caixas-surpresa China
Fonte da imagem: Sun Weitong/ Xinhua

As caixas-surpresa, conhecidas como “blind boxes”, tornaram-se uma tendência entre os jovens chineses, especialmente universitários. Pesquisa do China Youth Daily, em parceria com a Mídia Estudantil Nacional, coletou 1.474 respostas válidas e revelou que 68,25% dos entrevistados já adquiriram esses produtos. Dentre eles, 80,32% gastam até 300 RMB por ano, enquanto 11,03% desembolsam entre 301 e 500 RMB, e 8,64% ultrapassam os 501 RMB anuais.

Motivações e experiências

O principal atrativo das caixas-surpresa é a emoção ao abri-las, apontada por 69,78% dos participantes. Outros fatores incluem o apreço pelos produtos (63,52%), associação a celebridades ou marcas (35,19%), influência de amigos (18,59%) e curiosidade ou desejo de seguir tendências (15,11%).

Zeng Jingyan, estudante da Universidade de Nanhua, relatou gastar cerca de 3.000 RMB por ano em caixas-surpresa, buscando versões raras de bonecos colecionáveis. Chen Yukun, por sua vez, destacou o valor educativo de caixas com temas como proteção animal e eventos climáticos.

Diversificação do mercado

As caixas-surpresa expandiram-se para diversos setores. Segundo a pesquisa, as mais populares são de brinquedos de designer (78,23%), seguidas por caixas culturais (56,16%), de alimentos (19,78%), passagens aéreas ou ferroviárias (15,41%), cosméticos (15,21%), roupas (15,21%), eletrônicos (9,05%), arqueológicas (7,75%) e ingressos (6,76%).

Zhang Di, da Universidade de Hainan, utiliza caixas-surpresa de passagens para explorar novos destinos. Em uma ocasião, adquiriu uma passagem ferroviária por 9 RMB e decidiu parar em Wanning para surfar. Ela compara a experiência a “abrir uma missão paralela” na vida.

Desafios e necessidade de regulação

Apesar da popularidade, o mercado enfrenta críticas. Gong Cheng, residente em Yichun, Jiangxi, comprou uma caixa de calçados e recebeu um par de sapatos antiquados, sem possibilidade de devolução. Wang Zihan relatou experiências negativas com caixas de cosméticos, recebendo produtos de qualidade duvidosa.

Especialistas como Dong Yi e Liu Zhi apontam riscos de fraude e qualidade inconsistente. Eles destacam a necessidade de legislação específica, incluindo divulgação clara das chances de obter itens raros, controle sobre a especulação, melhoria no serviço de pós-venda e regras para vendas a menores de idade.

Perspectivas futuras

Para Wang Dijun e Zhou Changcheng, da Universidade de Wuhan, o consumo de caixas-surpresa reflete a busca por satisfação espiritual em uma sociedade de abundância material. Eles defendem que empresas assumam responsabilidade social e explorem o valor cultural dos produtos, enquanto o governo deve reforçar a supervisão e estabelecer normas claras.

Consumidores como Wang Zihan esperam que as caixas-surpresa continuem proporcionando surpresas, mas dentro de um mercado regulado e transparente. Ela enfatiza a importância do consumo racional e da integridade por parte dos comerciantes para o desenvolvimento saudável desse segmento.

Fonte: China Youth Daily