No cenário econômico global, analistas nacionais e estrangeiros delineiam um panorama otimista para a estabilidade macroeconômica da China em 2024. Antecipa-se um significativo aumento nos investimentos, uma robusta recuperação do consumo e possíveis melhorias nas exportações, de acordo com o relatório do Securities Daily desta terça-feira (19).
Essa visão positiva baseia-se em dados macroeconômicos cruciais divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas em novembro, evidenciando taxas de crescimento animadoras ano a ano em diversos setores. Destacam-se o avanço na produção industrial de valor agregado, a expansão da produção do setor de serviços, o crescimento nas vendas totais no varejo de bens de consumo e os investimentos em ativos fixos, todos registrando taxas de crescimento superiores em relação a outubro.
Durante uma entrevista recente, um representante do Escritório da Comissão Central de Assuntos Financeiros e Econômicos afirmou que a tendência fundamental de recuperação econômica e melhoria de longo prazo na China permanece inalterada. Ele ressaltou a importância de fortalecer a confiança e a determinação à medida que as condições para apoiar o desenvolvimento de alta qualidade continuam a se consolidar.
Yang Delong, economista-chefe do First Seafront Fund, corroborou com essa perspectiva, destacando que a trajetória fundamental da economia chinesa rumo à melhoria de longo prazo permanece constante. Ele salientou que o ressurgimento econômico está atrelado a avanços robustos no desenvolvimento de alta qualidade, incluindo melhorias na construção de um sistema industrial moderno e avanços significativos na inovação tecnológica.
Zhang Wenlang, analista-chefe macroeconômico do banco de investimento China International Capital Corp., enfatizou a necessidade de implementar políticas estruturais e cíclicas para impulsionar o crescimento econômico em 2024.
Instituições financeiras estrangeiras também expressaram confiança na trajetória econômica da China. Kristina Hooper, estrategista-chefe de mercado global da Invesco, prevê uma melhoria no crescimento econômico chinês na segunda metade de 2024, com uma taxa de crescimento ano a ano estimada entre 4,3% e 4,7%. Hooper acredita que relaxamentos pontuais na política fiscal no próximo ano contribuirão para estabilizar as taxas de crescimento.
Salman Ahmed, chefe global de alocação macro e estratégica de ativos da Fidelity, destacou que a China entrou em uma fase de recuperação, projetando uma taxa de crescimento econômico próxima a 5% para 2024. Os efeitos das políticas implementadas em julho indicam promessas, alimentando as expectativas de estabilização econômica em 2024, conforme apontado no relatório Perspectivas Globais de Investimento 2024.
Xiong Yi, economista-chefe do Deutsche Bank China, ressaltou a importância de aprimorar os esforços nas políticas macroeconômicas e fortalecer a coordenação de diversas políticas para uma implementação mais eficaz. Ele projeta que a meta de crescimento do PIB da China será um fator crucial para as tendências futuras, com uma taxa de crescimento estimada em 4,7% para 2024.
O representante da CCFEA também destacou a necessidade de fortalecer a gestão da demanda em 2024 para estimular o consumo, os investimentos e as exportações, garantindo uma utilização ótima das capacidades de produção.
No cenário doméstico, instituições estão otimistas quanto ao desempenho dos setores de consumo e investimento da China em 2024. Zhao Wei, economista-chefe da Sinolink Securities, sugere que um ciclo virtuoso de consumo e investimento pode ser a chave para explorar o potencial do consumo no próximo ano. O crescimento impulsionado pelo consumidor deverá alimentar investimentos em setores relacionados, promovendo um ciclo equilibrado entre oferta e demanda, conforme destacado por Wen Bin, economista-chefe do China Minsheng Bank.
China reafirma atratividade para investidores estrangeiros em meio a mudanças globais
Em um pronunciamento oficial, as autoridades chinesas refutaram apreensões em relação à retirada de investimentos estrangeiros, enfatizando que a China permanece altamente atrativa para o capital internacional. Sublinhando as oportunidades substanciais no vasto mercado chinês, aliadas a um sistema industrial abrangente e um inovador padrão de desenvolvimento, as autoridades destacaram que a China se destaca com um PIB per capita que ultrapassa os US$ 12.000 e uma classe média que já ultrapassou a marca dos 400 milhões de pessoas. O país é singular ao abranger todas as categorias industriais listadas pela ONU, segundo afirmado pelas autoridades.
Apesar de uma ligeira queda nos investimentos nos primeiros dez meses, as autoridades ressaltaram que o volume de investimentos estrangeiros permanece robusto. Setores estratégicos, como serviços e manufatura de alta tecnologia, testemunharam um crescimento ainda mais expressivo. A volatilidade nos dados de investimento foi atribuída a mudanças abruptas no cenário externo, riscos geopolíticos crescentes, mal-entendidos decorrentes das comunicações interrompidas pela pandemia e à transferência normal de indústrias intensivas em mão de obra, em função das alterações nas vantagens comparativas.
Olhando adiante, a China delineou planos ambiciosos para impulsionar a abertura institucional, abolindo restrições de investimento estrangeiro na manufatura e ampliando a abertura nos setores de telecomunicações e serviços médicos. Compromissos firmes foram estabelecidos para abordar questões complexas, incluindo o fluxo transfronteiriço de dados e garantir participação equitativa em compras governamentais. Além disso, enfatizou-se o comprometimento em facilitar negócios, estudos e viagens para estrangeiros na China, como parte de uma iniciativa mais ampla para criar um ambiente mais acolhedor e eficiente para investidores e visitantes internacionais.
Tradução: Mei Zhen Li
Fonte: China Daily
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