A seda, originada na China há mais de cinco mil anos, é um dos tecidos mais antigos e admirados do mundo, feito a partir dos casulos do bicho-da-seda, o Bombyx Mori. Sua descoberta é cercada por lendas, sendo a mais famosa da imperatriz Hsi Ling-shih, que em 2640 aC, ao tomar chá sob uma amoreira, viu um casulo cair na xícara quente. O calor amoleceu o casulo e, fascinada pela resistência e pelo brilho do fio que se revelava, a imperatriz teria desenvolvido técnicas para tecê-lo, criando o primeiro tecido de seda.
O segredo de sua produção foi guardado por séculos pela China, sob pena de morte para quem tentasse revelá-lo, o que transformou a seda em um produto exclusivo, acessível apenas à realeza e aos nobres. Com o tempo, a venda desse produto para outros países deu origem a uma das rotas comerciais mais influentes da história, a Rota da Seda.
A Rota da Seda: conexão entre Oriente e Ocidente
Durante a dinastia Han, a Rota da Seda foi formalizada como uma série de caminhos que ligavam a China a regiões como a Índia, a Pérsia, o Oriente Médio e, eventualmente, a Europa. Durante a Idade Média, o valor desse tecido era tão alto que um quilo de seda chegou a valer o mesmo que um quilo de ouro. Por muito tempo, a seda foi um produto de luxo que fomentou uma das mais importantes rotas comerciais da antiguidade. Esse caminho, que conectou o Oriente ao Ocidente, levou a seda a diferentes cantos do mundo, promoveu a troca entre culturas e avanços tecnológicos que moldaram a história.
A Rota da Seda começou a perder a sua importância com o surgimento das rotas marítimas, mais rápidas e seguras, durante as grandes navegações e a Era dos Descobrimentos no século XV. Já no século XXI, a China retomou o conceito com a Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, em inglês), também chamada de “Nova Rota da Seda”. Lançado em 2013, o projeto do governo chinês com BRI busca construir uma rede global de infraestrutura, comércio e desenvolvimento, expandindo a influência econômica da China. Atualmente, com mais de 140 países participantes, a BRI inclui redes de transporte, energia, telecomunicações e parcerias financeiras em regiões da Ásia, África, Europa e, cada vez mais, da América Latina
O Brasil no projeto da Nova Rota da Seda
O Brasil, maior economia da América Latina, está entre os parceiros estratégicos da China.
As exportações brasileiras de soja, carne, petróleo e minério de ferro são fundamentais para o abastecimento da China, que é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em 2023, o comércio entre os dois países ultrapassou a marca de US$100 bilhões, posicionando a China como um dos principais apoios da economia brasileira.
Embora as oportunidades sejam amplas, o Brasil mantém cautela quanto à adesão formal à BRI, diferentemente de vizinhos latino-americanos como Chile e Peru. Com essa postura, o país busca equilibrar sua política externa e proteger sua autonomia, evitando uma dependência excessiva do mercado chinês. Nesta semana, o assessor para assuntos internacionais do governo brasileiro, Celso Amorim, disse que o Brasil “não deve aderir formalmente ao programa chinês”, mas procurar sinergias entre projetos chineses e brasileiros.
Por: Daiane Mendes