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Escassez global de transformadores impulsiona expansão internacional de fabricantes chineses

Escassez global de transformadores
Imagem: Liu Ying/ Xinhua

Fabricantes chineses de transformadores aceleram a expansão internacional diante da escassez global de equipamentos elétricos, pressionada pela rápida construção de data centers, pela transição energética e pela necessidade de modernização das redes elétricas na Europa e nos Estados Unidos. A Jiangsu Huachen Transformer está entre as empresas que avançam nesse movimento e planeja instalar fábricas no exterior, com foco inicial na Europa.

Nos três primeiros trimestres deste ano, a Jiangsu Huachen registrou receita de RMB 1,44 bilhão, próxima ao total de RMB 1,58 bilhão de todo o ano passado. Até o fim de outubro, a carteira de pedidos alcançou RMB 1,73 bilhão, acima da receita anual de 2024. Segundo o presidente do conselho, Zhang Xiaojin, o crescimento é puxado principalmente pelo mercado externo.

Fundada em 2007 e sediada em Xuzhou, província de Jiangsu, a empresa tem 1.500 funcionários e três plantas industriais. Seus produtos são exportados sobretudo para o Sudeste Asiático, mas a estratégia agora inclui a instalação de unidades produtivas fora da China.

A pressão sobre o setor vem do avanço da inteligência artificial e da expansão dos data centers. Processar uma consulta no ChatGPT consome cerca de dez vezes mais energia do que uma busca tradicional no Google. O supercomputador da xAI, em Memphis, opera a 70 MW, enquanto a ABI Research estima que o número de data centers globais ultrapasse 8.400 unidades até 2030.

Esse crescimento ocorre em sistemas elétricos já sobrecarregados. “Os transformadores são atualmente um dos equipamentos mais escassos da rede elétrica”, afirmou Edvard Christoffersen, analista sênior da Rystad Energy, que projeta a manutenção da escassez global ao menos até o fim de 2026. A Wood Mackenzie estima que, em 2025, os Estados Unidos enfrentarão déficit de 30% nos transformadores de potência e de 10% nos transformadores de distribuição. Hoje, cerca de 80% dos transformadores de potência consumidos no país dependem de importações.

A transição energética amplia ainda mais a demanda. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a energia eólica e a solar responderão por mais de 90% do crescimento da demanda global de eletricidade até 2025. Uma usina solar pode exigir até 1,8 vezes mais transformadores do que uma termelétrica de mesmo porte. Ao mesmo tempo, redes antigas entram em ciclo de renovação: dados do Goldman Sachs indicam que grande parte da infraestrutura elétrica europeia opera há 40 a 50 anos, enquanto, nos EUA, 31% das instalações de transmissão e 46% das de distribuição estão próximas ou além da vida útil.

A China ocupa posição central nesse mercado. Segundo o Science and Technology Daily, o país responde por mais de 60% da produção global de transformadores. Dados do WITS mostram que, em 2024, a China liderou as exportações mundiais do equipamento. “A competitividade está na cadeia de suprimentos completa e integrada”, disse Zhang. Um transformador com desempenho equivalente custa cerca de RMB 10 mil na China, contra RMB 30 mil a RMB 50 mil na Europa.

Mesmo com capacidade operando no limite, a oferta não acompanha a demanda. A produção de transformadores exige mão de obra altamente qualificada, com ciclos de formação longos. Para aliviar gargalos, a Jiangsu Huachen ampliou o quadro de funcionários e investiu RMB 460 milhões na construção de uma nova base produtiva, cuja primeira fase entrou em operação em outubro e dobrou a capacidade instalada.

O movimento se repete em outras empresas chinesas. De janeiro a outubro, as exportações de transformadores somaram RMB 52,22 bilhões, alta de 38,9% na base anual. Diante de um ambiente comercial mais complexo, parte do setor passou a adotar estratégias de localização produtiva, com montagem local e exportação de componentes. A Jiangsu Huachen planeja joint ventures na Europa, com uma fábrica na Romênia em fase de definição do local.

A United Markets estima que o mercado global de transformadores alcance US$103 bilhões até 2031, quase o dobro de 2021. Embora o cenário favoreça empresas com escala, tecnologia e capital, a tendência indica um ciclo prolongado de demanda, sustentado pela digitalização, pela transição energética e pela renovação das redes elétricas.

Fonte: news.qq.com