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Novo projeto em Datong eleva capacidade chinesa na fibra de carbono de alto desempenho

Fibra de carbono

A China colocou em operação, em Datong (Shanxi), uma linha de produção de fibra de carbono T1000. O país busca ampliar a fabricação em larga escala desse material classificado como estratégico para setores industriais e de defesa.

A linha tem capacidade anual de 200 toneladas e produz fibra de carbono T1000 de filamento fino 12K. A construção começou em junho de 2024. Essa etapa integra o primeiro módulo de um projeto liderado pela Shanxi Huayang Carbon Material Technology, criada pelo Huayang New Material Technology Group, pelo governo municipal de Datong e pelo Instituto de Química do Carvão da Academia Chinesa de Ciências.

Segundo Fang Yitian, diretor do instituto, o projeto quebra monopólios tecnológicos externos e amplia a segurança da cadeia nacional de suprimentos de materiais críticos.

A fibra de carbono de alto desempenho é uma das frentes do desenvolvimento das indústrias estratégicas emergentes da China. O material atende demandas de tecnologias avançadas, defesa e modernização industrial.

A fibra T1000 tem filamentos de 6 a 7 micrômetros de diâmetro, menos de um décimo da espessura de um fio de cabelo. A resistência à tração ultrapassa 6.400 MPa. A densidade corresponde a um quarto da do aço, com resistência mais de cinco vezes superior. Um fio de 1 metro pesa 0,5 grama e suporta carga de 200 quilos. O material também resiste a altas temperaturas e à corrosão e mantém estabilidade química em meios ácidos e alcalinos, além de apresentar condutividade térmica e elétrica.

Essas características permitem uso em defesa, aeroespacial, transporte ferroviário e na economia de baixa altitude. Especialistas citam ainda aplicações em pás de turbinas eólicas e equipamentos esportivos.

O pesquisador Lyu Chunxiang, líder acadêmico do projeto, afirma que o país já alcançou segurança de fornecimento interno e autonomia tecnológica no setor. Lyu lembra que a equipe produziu fibra de carbono aeroespacial T300 em 2008, tornando a China o terceiro país, depois de Japão e Estados Unidos, a dominar essa tecnologia. Ele acrescenta que, nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, trenós e capacetes de atletas chineses usaram o material T800 desenvolvido pelo instituto.

Lyu destaca que, em 2003, empresas estrangeiras controlavam a tecnologia e o mercado global. Hoje, segundo ele, Shanxi é uma base relevante de fornecimento de fibra de carbono para aplicações de alto nível no país.

Wang Dali, gerente-geral do Huayang New Material Technology Group, afirma que a empresa ampliará o foco na produção da fibra T1000 e integrará inovação tecnológica e industrial para desenvolver produtos com competitividade de mercado.

Para o prefeito de Datong, Liu Junyi, a conclusão do projeto estabelece um marco para o desenvolvimento econômico local. Ele afirma que a iniciativa deve estimular setores como fabricação de equipamentos e armazenamento de energia e atrair empresas da cadeia produtiva para a cidade.

O secretário-geral adjunto do governo provincial, Cao Rongxiang, afirma que o projeto alcançou avanços tecnológicos e preencheu uma lacuna industrial em Shanxi. Ele diz que o governo manterá apoio ao setor de novos materiais e buscará consolidar uma cadeia industrial completa, que inclua pesquisa, produção e aplicação.

Fonte: chinadaily