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Estudo chinês revela trajetórias de recuperação da consciência em pacientes em estado vegetativo

Recuperação da consciência estado vegetativo

Uma equipe conjunta do Instituto de Automação da Academia Chinesa de Ciências, do Hospital Tiantan de Pequim e da Universidade Normal de Hangzhou identificou, em 3 de dezembro, um conjunto de padrões neurais associados à recuperação da consciência em pacientes com distúrbios de consciência. Os pesquisadores analisaram registros de atividade cerebral em regiões profundas do cérebro e descobriram mecanismos comuns envolvidos no retorno da consciência. Os resultados foram publicados na Nature Communications.

Os distúrbios de consciência incluem quadros de coma prolongado ou prejuízo severo da consciência após lesões cerebrais. Pacientes nessa condição podem evoluir para o estado vegetativo. A China registra cerca de um milhão de pessoas nessa situação, com 50 mil a 100 mil novos casos por ano. A avaliação e o tratamento seguem como desafios na prática clínica.

No estudo, os pesquisadores examinaram dados coletados por microeletrodos de pacientes submetidos à estimulação cerebral profunda. A equipe usou inteligência artificial para analisar a atividade neural do tálamo, região conhecida por atuar como um “interruptor” da consciência. A partir dos sinais elétricos, os cientistas identificaram características essenciais e criaram um parâmetro capaz de medir a atividade neural em diferentes perfis de pacientes.

Segundo Yu Shan, pesquisador do Instituto de Automação e coautor correspondente do artigo, o parâmetro prevê a recuperação da consciência um ano após a lesão. Ele explica que, apesar das diferenças individuais, os processos de recuperação podem depender de um mecanismo neural comum.

A análise também revelou três trajetórias distintas de recuperação. A equipe identificou um grupo de pacientes que, apesar de parecerem sem perspectivas segundo avaliações clínicas tradicionais, apresentavam oscilações talâmicas estáveis entre 4 e 8 Hz. Mais da metade deles recuperou a consciência. He Jianghong, médico-chefe do Hospital Tiantan e coautor correspondente, afirma que esse padrão pode ajudar a identificar, de forma precoce, pacientes com potencial de recuperação que hoje passam despercebidos.

Modelos computacionais mostraram ainda dois caminhos possíveis para o retorno da consciência: um que primeiro aumenta a intensidade da atividade neural e depois estabiliza os sinais; e outro que começa pela estabilização para só então elevar a intensidade. Esses caminhos correspondem a diferentes perfis clínicos, incluindo os “recuperadores ocultos”.

A equipe agora desenvolve uma tecnologia de detecção não invasiva e um sistema prognóstico baseado em eletroencefalografia de alta densidade. O objetivo é aplicar as descobertas a um número maior de pacientes e ampliar as possibilidades de tratamento.

Fonte: stdaily