A Iniciativa do Cinturão e Rota ampliou oportunidades de negócios e elevou a cooperação entre Brasil e China a novos níveis. “Comparado a 25 anos atrás, a parceria entre os dois países entrou em uma nova fase. Trabalhamos juntos em busca de prosperidade comum e na construção de um mundo mais justo e sustentável”, declarou José Ricardo dos Santos Luz Junior, Co-Chairman e CEO do Grupo de Líderes Empresariais do Brasil (LIDE) na China, em entrevista ao 21st Century Business Herald.
Segundo Luz, os pilares atuais das relações sino-brasileiras são inovação, desenvolvimento sustentável e inclusão.
No dia 7 de novembro, Pequim recebeu o Fórum de Comércio e Investimento do Cinturão e Rota 2025, organizado pela Câmara de Comércio Internacional da China. O evento, com o tema “Conectando cadeias para o crescimento verde e construindo um futuro resiliente”, reuniu mais de 400 representantes de governos, missões diplomáticas, empresas e instituições acadêmicas de 44 países. Durante o fórum, Luz destacou que o Brasil busca atrair investimentos chineses em todos os setores e que a cooperação bilateral permanece sólida, independentemente de mudanças políticas no país.
De 10 a 21 de novembro, Belém, no Pará, sedia a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), com foco em “Mudança climática e o futuro global”. Luz afirmou que investimentos chineses no Brasil já abrangem tecnologias inovadoras e sustentabilidade, tornando o desenvolvimento sustentável o eixo central da cooperação tecnológica entre os dois países.
Um exemplo é o projeto de rede elétrica verde da State Grid Corporation of China no Brasil. O investimento trouxe benefícios econômicos diretos, promoveu transferência de tecnologia e capacitação profissional, e gerou oportunidades de desenvolvimento sustentável para comunidades locais.
Oportunidades e desafios da cooperação econômica
Questionado sobre os principais desafios e oportunidades da parceria sino-brasileira no contexto da Iniciativa Cinturão e Rota, Luz respondeu: “Nossa missão é construir pontes entre empresários brasileiros e chineses. Atualmente, mantemos uma parceria estratégica abrangente, baseada na confiança mútua, que já gerou resultados expressivos.”
Ele detalhou que a iniciativa trouxe integração e novas oportunidades em infraestrutura, sistemas inteligentes de transporte e tecnologias de ponta. Muitas dessas tecnologias já foram implementadas no Brasil, principalmente em energia verde (eólica e solar), veículos elétricos, comércio eletrônico, centros de dados, computação em nuvem, drones e mobilidade inteligente, com destaque para o 5G.
Luz observou que o modelo de cooperação evoluiu: o Brasil deixou de exportar apenas commodities, como minério de ferro, soja e celulose, e passou a receber investimentos chineses em novas tecnologias e sustentabilidade, redefinindo a colaboração entre os dois países.
Cooperação verde e governança climática
Sobre a COP30 e o financiamento climático, Luz afirmou que China e Brasil têm papel central nas discussões globais. Ele citou políticas chinesas, como o 15º Plano Quinquenal, que prioriza desenvolvimento de alta qualidade, e o foco crescente na sustentabilidade na cooperação tecnológica.
Recentemente, duas empresas chinesas anunciaram investimentos significativos em veículos elétricos no Brasil: a BYD está construindo uma fábrica na Bahia, e a Great Wall Motors inaugurou uma planta em São Paulo. Além disso, o projeto da State Grid representa um dos maiores investimentos chineses no país, gerando benefícios econômicos e capacitação técnica. Essas iniciativas combinam investimentos financeiros, transferência de tecnologia e adaptação local, alinhadas ao princípio “pensar globalmente, agir localmente”.
Entre os países do Sul Global, a cooperação sino-brasileira é considerada um dos exemplos mais bem-sucedidos dos últimos anos.
Perspectivas para os próximos anos
Sobre os próximos três a cinco anos, Luz se mostrou otimista. “A parceria sino-brasileira vive um momento promissor. Nosso objetivo é ampliar o entendimento entre empresários dos dois países.” O LIDE organiza delegações brasileiras para visitar empresas chinesas inovadoras e recebe missões chinesas no Brasil, facilitando oportunidades de investimento.
Luz acrescentou que as relações bilaterais estão se aprofundando e diversificando. No ano passado, os países celebraram 50 anos de relações diplomáticas. A curto, médio e longo prazo, os avanços devem se concentrar em transferência tecnológica, investimentos, inovação e desenvolvimento sustentável.
Fonte: finance.sina.com.cn


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