Os carros de nova energia (NEVs) na China estão cada vez mais largos, o que tem levado parte da classe média a reconsiderar os veículos a combustão. A largura padrão de uma vaga de estacionamento no país é de 2,4 metros, estabelecida em 1998, mas muitos modelos atuais já se aproximam desse limite.
O Zeekr 001 mede 1.999 mm de largura, o Li Auto L9 chega a 2.018 mm e o Aito M9 ultrapassa os 2.045 mm. O BYD Han, vendido por pouco mais de RMB 200 mil, tem 4,98 metros de comprimento e 1,91 m de largura. Já o Zeekr 001, na faixa dos RMB 300 mil, alcança quase 2 metros de largura. Até o sedã NIO ET5, classificado como médio, supera o Mercedes-Benz S400L em largura. Modelos como Han, Tang, Denza e Qin L, todos da BYD, também passam dos 1.900 mm.
Em vagas padrão, veículos desse porte deixam apenas 20 cm de cada lado, dificultando a abertura das portas e o acesso ao carro. Esse cenário impacta tanto motoristas quanto pedestres no cotidiano das cidades.
Motivos para o aumento de largura
O principal fator é a bateria. Para oferecer maior autonomia, as montadoras precisam de pacotes de alta capacidade e estruturas de proteção robustas. A solução tem sido ampliar a carroceria. Além disso, a adoção de motores em cada roda, suspensões complexas e plataformas que posicionam as rodas nos cantos exige maior bitola. As campanhas de marketing também reforçam a ideia de espaço interno semelhante ao de uma “casa móvel”.
Principais problemas relatados pelos consumidores
Muitas vagas tornam-se inutilizáveis porque as portas não abrem completamente. Mesmo com câmeras 360º e sistemas automáticos, a dificuldade aumenta quando o veículo vizinho também é largo.
Além disso, em áreas como escolas, hospitais e feiras, carros de 2 metros de largura intensificam congestionamentos, elevam o risco de colisões e dificultam manobras em engarrafamentos.
Plataformas automáticas, comuns em grandes cidades, não comportam modelos acima de 1,9 m de largura.
Diante dessas limitações, cresce o interesse por carros em torno de 1.850 mm de largura, que oferecem equilíbrio entre espaço interno e praticidade urbana.
Espaço para marcas tradicionais e perspectivas para o mercado
Poucos elétricos premium mantêm medidas moderadas, o que abriu espaço para montadoras alemãs como BMW, Mercedes-Benz e Audi. Esses fabricantes ainda oferecem motores a combustão eficientes e veículos compatíveis com o uso urbano, mantendo a preferência de parte da classe média e alta.
O dilema é evidente: famílias chinesas optam por carros grandes para atender a múltiplas necessidades, mas enfrentam os problemas decorrentes da largura excessiva. Especialistas avaliam que, com a expansão dos elétricos e o aumento contínuo das dimensões, o governo poderá ser pressionado a criar políticas de restrição.
Para os fabricantes, a oportunidade está em lançar modelos premium que conciliem praticidade e dimensões adequadas. Essa estratégia pode atrair consumidores que, diante das dificuldades atuais, voltaram a considerar os veículos a combustão.
Fonte: 36Kr
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