Na última semana, diversas empresas privadas da China, como a fabricante de autopeças Zhongjie Auto e a empresa de moldes e equipamentos de extrusão de alumínio Jiangshun Technology, conseguiram ingressar no mercado de ações chinês (A-share market). Segundo dados da Wind, até 27 de abril, 57 empresas privadas listadas levantaram, juntas, mais de 45 bilhões de yuans no ano por meio de IPOs, emissões adicionais e emissão de debêntures conversíveis.
Focando no apoio à economia real, o mercado de capitais de múltiplos níveis da China vem adotando diversas medidas — com políticas mais precisas, otimização da estrutura de mercado e inovação de produtos — para criar uma verdadeira “pista de ouro” vibrante, inovadora e saudável para o desenvolvimento das empresas privadas.
Mercado acionário aquece
O mercado vem se organizando de forma segmentada: a ChiNext foca em empresas inovadoras, a STAR Market concentra-se em “hard tech”, a Bolsa de Pequim se posiciona como a base para empresas “especializadas, refinadas, diferenciadas e inovadoras”, e os mercados de ações regionais atuam como incubadoras. Atualmente, cerca de dois terços das companhias listadas na A-share são privadas; no STAR Market, ChiNext e na Bolsa de Pequim, cerca de 80% são privadas, e no mercado OTC (New Third Board), esse número chega a 90%.
No exemplo da Bolsa de Shenzhen, nos últimos dois anos, foram apoiadas 166 novas listagens de empresas privadas, com captação de 153,26 bilhões de yuans. Houve também 258 casos de refinanciamento aprovados para empresas privadas, totalizando 222,99 bilhões de yuans, além de 10 aprovações para aquisição de ativos via emissão de ações, movimentando 6,08 bilhões de yuans.
Com o suporte do mercado de capitais, as empresas privadas demonstram forte resiliência e dinamismo, com várias alcançando valor de mercado superior a 100 bilhões de yuans, impulsionando a inovação tecnológica e o crescimento econômico do país.
Os setores emergentes estratégicos seguem sendo os favoritos dos investidores. Dados da Wind mostram que empresas privadas dos setores de tecnologia da informação e fabricação de equipamentos de ponta representaram 58% dos aumentos de capital. No setor de biotecnologia, o número de reestruturações aumentou 40% em relação ao ano anterior, indicando que o capital está cada vez mais focado na inovação.
“A trajetória de crescimento da nossa empresa evidencia o vigor inovador das empresas privadas de tecnologia sob o apoio das políticas nacionais”, afirmou um representante da Zhongkong Technology, destacando o compromisso de ampliar investimentos em pesquisa e explorar aplicações de IA no setor industrial.
O mercado também vê o surgimento de novas “forças reservas” no segmento de listagem. O New Third Board, com função de ligação e formação de empresas, tem importância crescente. Atualmente, cerca de 6.080 empresas estão listadas no Sistema Nacional de Transferência de Ações (New Third Board), e existem 35 mercados regionais de ações.
A atividade no mercado de fusões e aquisições também aumenta, apoiando a integração e modernização das indústrias privadas. Desde a publicação das “Seis Diretrizes para Fusões e Aquisições”, há 80 reestruturações em andamento na A-share, das quais 51 envolvem empresas privadas, representando mais de 60% do total.
Ferramentas de dívida se diversificam para ampliar o financiamento
Além do mercado acionário, mais instrumentos de dívida estão sendo disponibilizados para empresas privadas. A Bolsa de Shenzhen ajudou empresas a emitir 35,37 bilhões de yuans em produtos de renda fixa até 2025. Já a Bolsa de Xangai apoiou mais de 100 empresas privadas na captação de mais de 220 bilhões de yuans via debêntures e títulos de ativos securitizados.
Para fortalecer a cadeia de serviços, a Bolsa de Xangai também expandiu a lista de emissores qualificados, incluindo gigantes privados como Huawei e Zhejiang Rongsheng, agilizando o processo de emissão de dívida corporativa.
Há ainda iniciativas como a promoção de REITs de infraestrutura, dívida corporativa, produtos securitizados e ações para ativar ativos existentes e apoiar o crescimento das empresas privadas.
A China Securities Depository and Clearing Corporation (China Clear) anunciou que, a partir de 1º de maio, irá isentar taxas para a emissão de “green bonds” e “bonds de inovação tecnológica”, além de manter a isenção para emissões de empresas privadas.
Essas medidas, somadas à recente criação de instrumentos como o mercado de “tech bonds” pelo Banco Central, a CVM e o Ministério da Ciência e Tecnologia, devem expandir ainda mais as emissões de títulos para empresas de inovação privada.
Plataformas de apoio fortalecem o impulso para o crescimento
As autoridades reguladoras vêm reforçando o compromisso de apoiar a inovação tecnológica e o fortalecimento das empresas privadas através do mercado de capitais. Em reunião recente, o presidente da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC), Wu Qing, destacou a necessidade de respeitar as dinâmicas do mercado e aumentar a transparência e previsibilidade das regras, além de acelerar a construção de um mercado de capitais mais inclusivo.
Antes disso, Banco Central, CSRC e outras entidades já haviam realizado reuniões conjuntas para reforçar medidas como as “Oito Diretrizes para a STAR Market” e as “Seis Diretrizes para Fusões e Aquisições”, com foco na expansão do apoio às empresas privadas.
No primeiro trimestre de 2025, o investimento privado no país cresceu 0,4% em comparação ao ano anterior. Destaque para os setores de manufatura e infraestrutura, onde o investimento privado cresceu 9,7% e 9,3%, respectivamente — superando a média geral.
Para especialistas, a ampliação das vias de financiamento para empresas privadas deve impulsionar ainda mais o dinamismo do investimento privado.
Para o professor Han Qian, da Escola de Administração Lingnan da Universidade Sun Yat-sen, é necessário “reduzir o tempo de análise para o ‘uplisting’ de PMEs de qualidade, criar canais verdes para empresas privadas de ‘hard tech’ e permitir que empresas não lucrativas listem com base em patentes tecnológicas.”
Já Tian Xuan, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa Financeira da Universidade Tsinghua, ressalta: “Precisamos acelerar a reforma da oferta do mercado de capitais, otimizar as condições de listagem, simplificar processos de IPO, estimular listagens de empresas privadas de qualidade e expandir os canais de saída para fundos de venture capital. Também é crucial fortalecer o desenvolvimento do mercado de dívida e de mercados regionais de ações, oferecendo instrumentos financeiros inovadores e promovendo ativamente o mercado de fusões e aquisições.”
Tradução: Mei Zhen Li
Fonte: Xinhua
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