O presidente Donald Trump tomou posse para o segundo mandato nesta segunda-feira (20) e, em seu primeiro dia, assinou uma série de decretos presidenciais. Entre eles, estava a determinação para que os Estados Unidos deixem novamente o Acordo de Paris, tratado internacional que visa combater as mudanças climáticas. Esta é a segunda vez que Trump decide pela retirada do país do acordo, repetindo a medida adotada durante seu primeiro mandato. A decisão reacende debates sobre o papel dos EUA na luta contra o aquecimento global. Enquanto uma grande nação se abstém de assumir responsabilidades no combate às mudanças climáticas, outra busca reforçar os esforços globais: a China.
A China tem se posicionado como um ator central na luta contra o aquecimento global. O país reconhece a crise climática como um dos desafios globais mais urgentes. Como signatária do Acordo de Paris, o país reafirma seu compromisso com as metas estabelecidas, destacando planos ambiciosos para mitigar os impactos do aquecimento global. Entre os principais objetivos estão atingir o pico de emissões de carbono antes de 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2060, meta anunciada pelo presidente Xi Jinping em 2020.
Em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (21), o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Guo Jiakun, disse que o país está “preocupado” com o anúncio dos Estados Unidos. “A mudança climática é um desafio comum enfrentado por toda a humanidade. Nenhum país pode se destacar dela, e nenhum país pode ficar sozinho”, afirmou o porta-voz. Durante o discurso na 19ª Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, em novembro de 2024, Xi Jinping enfatizou a importância de implementar o princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, e de cumprir integralmente o Acordo de Paris. Ele destacou a necessidade de construir uma economia mundial que priorize a sustentabilidade e a preservação ecológica.
A China é lider global no desenvolvimento e uso de energias renováveis, sendo o maior produtor mundial de energia solar, eólica e baterias de íon-lítio. O país é o maior produtor de veículos elétricos do mundo, também investe significativamente em tecnologias verdes, como combustíveis à base de hidrogênio.
Desafios internos da China
Apesar dos esforços de combate às mudanças climáticas, a China enfrenta desafios internos significativos, pois ainda tem forte dependência do carvão em sua matriz energética. Outro obstáculo é o dilema entre crescimento econômico e sustentabilidade. Como segunda maior economia do mundo, a China precisa equilibrar suas metas climáticas com a manutenção do crescimento, especialmente em setores industriais que são altamente intensivos em carbono.
O que é o Acordo de Paris
O Acordo de Paris, adotado em 2015 durante a COP21, é um tratado global para combater as mudanças climáticas. Seu objetivo principal é limitar o aumento da temperatura global abaixo de 2°C, com esforços para mantê-lo em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. O Acordo de Paris pretende alcançar um equilíbrio entre emissões de gases de efeito estufa e sua remoção até 2060. O Acordo prevê financiamento climático de US$ 100 bilhões anuais para países em desenvolvimento. Cada país tem autonomia para definir suas próprias metas de redução de emissões, que devem ser revisadas a cada cinco anos.
Crédito: China2Brazil