Olhando para a trajetória de desenvolvimento da indústria global de painéis LCD, ela se originou nos Estados Unidos na década de 1960, passou pelo processo de desenvolvimento do Japão – ultrapassagem da Coréia do Sul – ascensão de Taiwan, e por fim, desenvolvimento da China.
LCD na China
Assim como a indústria de semicondutores, a indústria de painéis de cristal líquido (LCD, sigla em inglês) da China também começou do zero. O Departamento de Química da Universidade de Tsinghua e Universidade de Beihua e outros institutos de pesquisa científica começaram a experimentá-lo em 1969.
Várias indústrias pioneiras também participaram no final da década de 70 e começo da década de 80, mas devido às limitações dos equipamentos imperfeitos, insuficiência de recursos e escassez de talentos, os resultados foram muito pequenos, e a industrialização dos painéis LCD foi ínfima.
A situação mudou somente em 1984, o ano em que a Shenzhen Zhonghang Ma Company construiu a primeira linha de produção TN-LCD de 4 polegadas. Ao mesmo tempo, a fábrica 770 introduziu os principais equipamentos do Japão através de Hong Kong e construiu uma linha de produção de painéis LCD de 7 polegadas. Apesar de serem apenas linhas experimentais de pequena escala, sem capacidade de produção em massa, esse foi o início dessa indústria para a China.
Três anos depois, a província de Hebei e a Universidade de Tsinghua cooperaram para estabelecer a Yongsheng Huaqing Company, que industrializou com sucesso os resultados da pesquisa de materiais de cristal líquido da universidade. Assim se iniciou a “época de ouro” do desenvolvimento do LCD, formando uma linha de produção de TN-LCD de 4 polegadas em escala industrial.
Pouco tempo depois, a Shenzhen Tianma Company fez uma linha de telas de 7 polegadas, além de uma de 12 polegadas no início dos anos 90, que já era a linha de produção mais avançada e em larga escala da China na época.
Japão dominante
No entanto, durante o mesmo período, as indústrias de painéis LCD das empresas japonesas estavam em pleno andamento. NEC, DTI (uma joint venture entre Toshiba e IBM) e Sharp lançaram sucessivamente suas primeiras linhas de produção em massa TFT-LCD de grande porte. Os dados mostram que, entre 1991 e 1996, pelo menos 25 linhas de produção de painéis em grande escala foram construídas no mundo, das quais 21 eram do Japão.
Com a participação de mais empresas, o Japão estabeleceu um domínio completo na cadeia industrial de painéis LCD, desde o fornecimento de matéria-prima, montagem de equipamentos, fabricação e especificações do processo. Em 1994, a participação do Japão na indústria global saltou para 94%.
Inovação independente de LCD
Diferente do modelo de joint venture da Xangai Rádio e Televisão, empresas de telas como BOE e CSOT embarcaram no caminho da inovação independente.
Já em 1994, BOE estabeleceu TFT, PDP, FED e outros grupos pesquisa de projetos de tecnologia de telas para encontrar tecnologias que possam substituir CRT, e definir TFT-LCD como a direção de desenvolvimento quatro anos depois.
No entanto, as patentes e barreiras técnicas do TFT-LCD naquela época dificultavam a BOE e entrar no mercado. Até 2003, a sul-coreana Hyundai estava endividada devido à crise financeira e teve que vender seu negócio de TFT-LCD, sendo adquirida pela BOE por US$ 380 milhões, incluindo propriedade intelectual, participação de mercado, rede de marketing e equipe de trabalho.
Posteriormente, foi construída em Pequim uma linha de produção de telas de TFT LCD de 5ª geração, encerrando a era da ausência de telas LCD independente da China. Na verdade, o que a BOE queria fazer não é apenas adquirir, mas desenvolver sua própria tecnologia com base nisso.
Desde 2008, a BOE construiu linhas de produção em várias partes do país. Com a expansão contínua da capacidade de produção, a empresa chinesa ocupa a posição de liderança nas exportações globais de painéis de TV LCD desde 2018, além de ser líder no campo de painéis LCD para smartphones e tablets por muitos anos.
Enquanto BOE vem crescendo, CSOT também cresceu discretamente. Esta empresa de painéis, estabelecida em conjunto pelo governo municipal de Shenzhen e pelo Grupo TCL, lançou independentemente o projeto de painel LCD de 8,5 geração, desde a sua criação em 2009.
Na época, isso também foi questionado pela indústria. Por um lado, a linha de produção de alta geração em Taiwan tinha a vantagem de custo, por outro, a linha de 10ª geração da Sharp no Japão já havia começado a sua construção. Portanto, a linha do CSOT não apresentava nenhuma vantagem competitiva.
No entanto, a CSTO entrou com sucesso na cadeia de suprimentos da Hisense, Changhong, Konka, Samsung e outros fabricantes além da TCL. Agora, a CSOT também está entre os principais painéis LCD do mundo.
Desde 2017, a China se tornou o maior país do mundo em termos de capacidade de produção de painéis LCD. De fato, além dos esforços das empresas, a realização da indústria na China continental em um curto período também inseparável da enorme demanda interna do mercado e do apoio das políticas nacionais por trás dele.